- Não queres ir tomar um cafézinho logo?
- Hã.. pá...
- Às 10 e meia no Avenida, entao.
- Olha mas eu...
- Vá, 'té logo!
- ... (oh que caralho)
Por vezes, vejo coisas que preferia não ver e sinto-me preso entre a repulsiva mudança que nos agride e nos balança e aquilo que nos faz acontecer...
Existe, para todo o ser humano, uma hora do dia extremamente penosa, a hora do despertar. De olhos semi-serrados a passos atabalhoados pela casa, apoiamos as mãos nas paredes até que se recupere totalmente o equilíbrio vertical, a luz fere-nos os olhos, o chão frio, os pés descalços, e o espelho, esse fere-nos o ego, que parecendo mortos-vivos, poucas semelhanças temos com a pessoa, que, horas antes escovara os dentes no mesmo local. O sabor que se prende na boca, é algo de inexplicável, num misto de charutos secos de oferta de casamento e papel de jornal reciclado. o raciocínio toldado pela saudade da almofada, impede-nos de realizar as mais simples tarefas, desde abrir um pacote de leite sem derramar a colocar açúcar no café sem desperdiçar. Os bocejos constantes dificultam de sobremaneira a coordenação motora e a lentidão a que tudo isto se passa, raramente nos favorece a pontualidade. Tudo isto permite-me concluir que o ser humano não foi feito para cumprir horários. Estes foram pré-estabelecidos por uma sociedade doentia e todos concordamos, porque já assim o era quando nascemos. Ir de encontro às necessidades fisiológicas primárias de cada um é uma afronta à evolução e um insulto à Declaração Universal dos Direitos do Homem...
A sparkle sent from the skies
Between moist and heated water
The root of humankind prides
Do you know what you want?
Do you want what you need?
Do you need what you take?
When you take it out of greed?
A place to crash, a loaded dish
A big red car, a broken wish
A wife to blame
A slithering trait
Some ties and suits
Some love, some hate
A busted glass
A painted wall
A dark sacred night
No faith at all
A kind young lady
Some trust in men
And God screaming out
“I’ll do what I can”
Five tons of pressure
They bend and break
Some willing to give
Most eager to take
A tired old man
A window to nowhere
White and pale
Jabbering to the air
A wet smelly floor
Some knocking at the door
The sky as the limit
Just leave it just live it
The Vanity Fair
One hell of a freak show
A monkey and a bear
Some powder to grow
Rubbish in between
The serious drama queens
Some lose in the middle
But no one really wins.
We’ll meet again in the end
Gone treasury and lust
Make sure you understand
“Ashes to ashes dust to dust”.
Um dia os amigos do sapo decidiram fazer-lhe uma festa
E convidaram a raposa da floresta.
A raposa era muito vaidosa e tirava macacos do nariz
Os amigos do sapo não gostaram muito da brincadeira,
Porque os macacos não tinham sido convidados
Gerou-se ali uma situação estranha
E o sapo, calado...
Nisto, da-se um tremor de terra.
Ficam todos abismados.
Olham, de soslaio, para o urso
Que era um animal corpulento e, como se avizinhava a época de hibernar, gordo.
O urso desculpou-se logo, alegando que não tinha sido ele,
Mas o sapo, que era matreiro, não foi no paleio do urso e ficou de olho nele.
A verdade é que poucos sabiam, mas o urso tinha um problema gastro-intestinal,
E volta e meia a sua barriga rugia como um leão, de resto, nada de especial.
Por falar em leão, este foi um convidado surpresa, visto ser amigo de longa data do sapo,
ao chegar perto, deu-lhe três abraços consecutivos, partindo-lhe costela e meia.
Percebendo o alvoroço, o lobo pôs-se na alheta, de mansinho...
“Lobo? Qual lobo?” Perguntam vocês. (vocês quem?) E com razão, ainda não tinha falado do lobo, que por sinal tinha sido o causador do primeiro terramoto la prás bandas do charco.
O lobo não tinha uma perna, havia ficado sem ela a jogar à patela com armadilhas para ursos. No entanto isso nada tem a ver com o facto de ser proprietário de uma pedreira, daí o terramoto, ou o que se julgou ter sido um terramoto, não este do dia da festa, o primeiro, do qual ainda não falei, já la vou.
O lobo foi-se e ninguém notou...
Estavam três sapos sentados num charco
Um deles chamava-se Joaquim,
Os outros dois nem por isso,
apenas bebiam J.B.
Tinham os três uma maneira peculiar de falar
Mas nenhum sabia porquê.
Eram mudos de nascença.
Chegou uma rã e perguntou,
“desculpem, já é uma hora?”
Um deles coaxou,
os outros dois foram-se embora
“muito obrigado” disse a rã
e pôs um gorro de lã.
Faz frio la naquele charco.
No Evereste também,
mas o charco não fica no Evereste.
O Evereste fica longe, na fronteira entre o Nepal e o Tibete
e lá não há charcos porque a agua congela com o frio,
como o que a rã tinha.
Mas não é a rã que congela a agua do Evereste,
é a altitude e a rã é muito baixinha.
Havia ali perto uma casa, só que não tinha janelas,
Ou melhor, tinha, só que estavam partidas.
O sapo que restou, nada dizia,
(Acho que se chama Joaquim, é que para mim os sapos são como os chineses, todos iguaizinhos.)
A rã não estranhou, falar era coisa que ele não podia.
Não sei quem foi que lhe contou
Como é que ela sabia?
Deve ter sido o estorninho, aquele abelhudo dum raio...
O estorninho vivia na casa sem janelas inteiras.
A qual dividia com duas cabras cegas.
As cabras gostavam muito de sapos
Mas os sapos não iam la muito com a cara delas.
As cabras não sabiam qual a forma dos sapos, porque eram cegas, coitadinhas,
E quem sabe?
Talvez se não o fossem não gostassem tanto de sapos, talvez os achassem uns seres repugnantes e pegajosos, ou não.
Aliás lá para os lados do charco os sapos até eram animais muito bem cotados, não estavam propriamente no patamar da realeza, mas não ficavam abaixo da média. Isto é, socialmente, claro...
Há até quem defenda que alguns são príncipes.
Eu, pessoalmente, duvido, mas isso sou só eu, até porque nos dias que correm já não há príncipes de verdade, e por isso, de pouco ou nada lhes valeria serem príncipes de faz de conta...
(continua...)
Uma questão estúpida balançou-se agora na minha mente. Será possível falar-se de nada? Será que existe a possibilidade, ainda que remota, de dissertar sobre um tema que, por si só, não o é? Por onde começar? Qual a duração de uma conversa ou texto sobre nada? Se há contexto não é nada e sim algo que dentro de um contexto assume um significado. Talvez a definição de nada seja um tema mais simples de se traduzir em palavras, se utilizando a explicação de qualquer coisa que sabemos existir e lhe tirarmos tudo o que o caracteriza. Já o simples facto das palavras vestirem o nada é contraditório ao próprio nada. Então, em que ponto se encontra o nada? Pode-se dizer, na minha visão das coisas, que o nada é como uma árvore sem folhas, que não tem tronco, em que os ramos não existem, e a raiz nunca nasceu. Na verdade, o nada é tudo aquilo que não existe mas curiosamente, para se poder colocar o nada em oposição ao resto das coisas, temos de lhe atribuir uma existência, ora, se o nada não existe, o nada não pode existir como algo que existe para poder ser o contrario daquilo que existe. Complicado, não? Depreendo daqui que o nada, afinal, não é nada. E não se pode exigir mais nada de nada, contudo voltamos ao ponto de partida, a palavra, que não passa de uma representação linguística do que se pensa ser a ausência de tudo. Pelos vistos é possível escrever-se do nada. Vejamos as coisas nestes termos, sem chegar a conclusões e ainda assim ao falar de nada, estamos a ser fieis ao seu verdadeiro significado. O nada é um ciclo vicioso num movimento perpétuo, que nao tem origem e muito certamente não terá fim. Para já, chega-me...