quinta-feira, 23 de abril de 2009


"Sometimes you have to loose everything before the penny finally drops... or... whatever. So here's what I figured out. We're not evil sinners or perfect knock offs of god. We let the world tell us weather we're saints or sex addicts. Sane or insane. Heroes or victims. Weather we're good mothers, or loving sons. But we can decide for ourselves. As a certain wise fugitive once told me, sometimes its not important which way you jump, just that you jump."

Victor Mancini
(in Choke)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Das Intermitências do Sol


Oiço o bater de algo fortuito nas janelas do quarto, como o rufar de uma bateria de tambores, oca e desincronizada. Não me apercebo de inicio do que se trata, o cérebro ainda não se encontra completamente funcional ao acordar.
De repente, como se um maestro assim o ordenasse, da-se um silencio repentino e abrupto, completamente desenquadrado com o que se passara segundos antes. Raios de sol invadem a escrivaninha, as paredes, o tecto, moldando ténues sombras de tudo o que se intromete entre a fonte de luz e a tela na qual as suas formas aparecem torneadas. Os passáros la fora retomam o seu canto, supostamente alegre, e tudo se encontra em sintonia perfeita, num equilíbrio de fazer inveja à mais calibrada das balanças.
Levanto-me cambaleante e ensonado e dirijo-me à cozinha, iluminada pelo sol da manhã, na busca de saciar a sede matinal que, com assaz frequência, se apodera de mim. No mesmo instante em que abro a torneira, o céu escurece e é como se tivessem aberto também uma, de calibre muito superior, la fora. Repentinamente, tudo escurece, e sou transportado de volta ao momento imediatamente posterior ao meu despertar. O rufar de tambores sem qualquer sincronia e as janelas da cozinha turvas com a agua que as banha. Pergunto-me para onde terá ido o Sol em tão pouco tempo, escassos minutos se passaram desde o ultimo chilrear de um pássaro qualquer.
Paro de me questionar, de nada serve. quem sou eu para ousar indagar os caprichos do tempo, dos dias ou a forma como a aparente aleatoriedade das coisas se apresenta perante mim. Deixo-me de disso e sigo a minha vida, ignorando as indeléveis intermitências do Sol.

domingo, 12 de abril de 2009

Passeio Perspectiva


Entranho-me na cidade, tomo-a como minha. Entre os odores da rua sinto a certeza fria que nao tinha. Dispeço-me num voziferar grosseiro que se intromete entre mim e a beleza. Um pedido de atenção, fugido à incerteza. Tenhamos dó de nós e de tudo. Que a tórrida razão se arrefeça na vontade que a consome em se privar da liberdade. Enquanto todos os caminhos dao a um corpo curvilineo que nos cega, abrimos os olhos e o que nos resta nao passa de uma bodega. Sentimo-nos taciturnos. Sentamo-nos como nos sentimos. Tacteando às escuras o véu que nos encobre, descobrimos as palavras na mao que nos engole. Fazem-se juras eternas e certidoes de obito ao sonho, como a um alimento estragado que se repele em convulsoes num pesadelo medonho. Liberto-me destas correntes, sinto a tinta que escorre, lentamente, entredentes. Cuspo no chão e sou o borrão negro em que protesto impertinente a decadencia.