Pequenos duendes tentam abrir uma lata de sardinhas com uma espiga de milho, a fome aperta-lhes nos tornozelos, e sem se darem conta, ouvem a musica que um mendigo toca através de um bolso de umas calças de ganga rasgadas. Contam-se pelos dedos das mãos as historias que um velho embala, sentado na margem de um rio lamacento, vezes e vezes sem conta, com a noção de que a redundância latente não o perturba. A memória à muito se foi, resta-lhe um fio condutor, que de tão gasto e tão vivido, mais tarde ou mais cedo, partir-se-a. Fadas gigantescas tecem novelos de rimas traduzidas por um cravo vadio, nas enseadas do Tejo. Verdadeiros alfarrabistas tentam impingir as suas bodegas a qualquer alma que passe , inquisidora, nas ruas de uma cidade vazia. Pétrus, alcança a liberdade através de uma navalha enferrujada junto ao peito, suspirando incertezas feitas de coisas que há muito esqueceu. Feras famintas atropelam-se nas palpitações de um coração assustado. Na espera de um movimento brusco para o ataque, premeditado. E são assim as vontades, suspensas por fios invisíveis, balanceando-se de um querer para outro sem que se apercebam de que no fim das contas, larvas os devorarão...
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