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Existe, para todo o ser humano, uma hora do dia extremamente penosa, a hora do despertar. De olhos semi-serrados a passos atabalhoados pela casa, apoiamos as mãos nas paredes até que se recupere totalmente o equilíbrio vertical, a luz fere-nos os olhos, o chão frio, os pés descalços, e o espelho, esse fere-nos o ego, que parecendo mortos-vivos, poucas semelhanças temos com a pessoa, que, horas antes escovara os dentes no mesmo local. O sabor que se prende na boca, é algo de inexplicável, num misto de charutos secos de oferta de casamento e papel de jornal reciclado. o raciocínio toldado pela saudade da almofada, impede-nos de realizar as mais simples tarefas, desde abrir um pacote de leite sem derramar a colocar açúcar no café sem desperdiçar. Os bocejos constantes dificultam de sobremaneira a coordenação motora e a lentidão a que tudo isto se passa, raramente nos favorece a pontualidade. Tudo isto permite-me concluir que o ser humano não foi feito para cumprir horários. Estes foram pré-estabelecidos por uma sociedade doentia e todos concordamos, porque já assim o era quando nascemos. Ir de encontro às necessidades fisiológicas primárias de cada um é uma afronta à evolução e um insulto à Declaração Universal dos Direitos do Homem...