quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Coimbra revisited 2004
Solto gargalhadas e olhares frios, gelo veloz em que tropeço...
Tremo sem me verem tremer pois sou sozinho...
Agora, sou todo, sou tudo.
Tratas-me as palavras como àquele barulho constante de uma maquina ao longe em que na monotonia do som se torna imperceptível, fundindo-se ao cenário que te rodeia... Verdades que se arrastam pelas marés, constantemente a dar a costa...
Sorrio e sou forte. Sou rio e passo.
Trago comigo 3 mundos e só um me parece perfeito...
Talvez o teu me pareça demasiado sombrio, e o meu, demasiado desfeito.
Há um ainda por acabar mas o tempo escasseia, parece feito de plasticina.
Molde, molde, molde, em sobreposição grosseira...
Entre escolhas e confusão, a paciência não dura e o chicote é certeiro, (gopishhhh!!), em carne viva... mais uma ferida, um cheque-mate, sem peças no tabuleiro...
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
A ultima décima segunda badalada
Os Sinos dobram, mas dobram demais, com uma vontade arrastada, agastada de resignação serpenteante. O peso de cada tom faz-se sentir na mais grave das notas e o tinir de uma liberdade que não existe ouve-se no ecoar de cada badalada.
2
Mais rápido, indolor e misericordioso seria um cálice de cianeto que apartasse ao corpo o sofrimento, qual antídoto para a alma, do veneno que a corrói.
Assim será.
3
Sentado num velho cadeirão, corrompido pelo tempo e as intempéries do ambiente circundante, ora frio, ora cintilante do caloroso banho de sombras e luz tépida em permanente alternância.
4
O corpo escorrega vagaroso, e os dedos frios seguram um copo de uma bebida antiga. Trago a trago, trago à consciência fugidia a vida toda que julgo ter vivido e a certeza começa a tomar a forma de algo, imperceptivelmente indiferente.
5
No canto superior da minha alma noto algo cintilante, vejo o reflexo de um ser que não eu. Aproxima-se e sinto o bafejar algo gélido. Aquilo que se aproxima.
6
Quero querer ter força para não permitir a aproximação de algo que inevitavelmente se avizinha. Algo que inevitavelmente, no fundo, sei não querer evitar.
7
Um crepitar mais ousado desperta-me por momentos, do súbito entorpecimento hipnótico em me via imerso, absorto.
8
Sinto com clareza um nó de gravata na boca do estômago e uma vontade súbita de vomitar a minha vida estragada, em convulsões e precipitações desmesuradas tento a todo o custo abortar a missão.
9
Fraco, sou, sinto-me. Física e mentalmente, mente, mente... desfoco, foco... crepitar.. corpo... copo...
10
Inspiro profundamente e profundamente expiro. Os dois, por último.
11
O copo rola no corpo, o corpo rola no chão, o crepitar rola para si, e o ser nítido aproxima-se nítido, com um beijo nitidamente frio. Na foice vejo o reflexo de olhos perderem o brilho. No brilho que foi reflexos de alma que deixou de ser.
12
A ultima décima segunda badalada.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
olhar radar
Nota-se, nota-se tudo.
E no notar, cumplicidade de quem nota,
solicitada ou não, sei que se nota.
Nota-se tudo.
Nota-se o que tentamos esconder, nota-se o que tentamos mostrar.
Sempre se notou.
Verdades, mentiras, é notável.
O acto inglório de fugir ao olho critico de quem nota.
O esforço, a dedicação da involuntária escolha, de tentar fazer com que não se note.
Mas nota-se, mais uma vez, nota-se tudo.
Tudo talvez não. Mas nota-se.
Ingénuos somos se de contrário cremos, e isso, mais que tudo, se nota.
O que se passa ao nosso lado, o que se passa a nossa volta.
E isso, mais que tudo, é notável.
Cansa… tomem nota.
Vagueio, contemplo, notoriamente, evoluo.
Compreendo sem notar que sem notar nota seria.segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Existencialismos
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Desalinho
Como um decânter de emoções, António Pedro Moreira transporta-nos numa viagem apoteótica aos confins da alma, do ser, e das ideosincrasias da vida contemporânea. Traçando perfis nas entrelinhas, contando estórias singulares e, em cada enredo, expondo o buzílis da existência de uma forma requintada e crua.
Apresentação do livro, sexta-feira, 18 de Dezembro pelas 21:00, no anfiteatro da Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra (ACR).